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Você já ouviu falar em desemparedamento da infância?

O termo “desemparedamento” foi criado pela professora Léa Tiriba, que junto de outros pesquisadores, percebeu a diminuição da presença de crianças em áreas verdes, além da perda de autonomia e liberdade dos pequenos nas cidades. O resultado: elas passam cada vez mais tempo confinadas, muitas vezes em frente às telas. 

Nesse sentido, desemparedar as crianças nada mais é do que aproveitar os espaços externos, dentro e fora das escolas, assim como adotar práticas pedagógicas que favoreçam atividades ao ar livre, tanto para brincar quanto para aprender.

O que a pandemia de Covid-19 nos ensinou?

É inegável: as crianças foram muito afetadas pelo isolamento social e pela falta de atividades ao ar livre. Sem poder conviver com os amigos e familiares, de repente, os pequenos se viram sentados em frente a uma tela, por diversas horas seguidas. Não tinha mais parque, nem hora do lanche com correria e céu azul. Nesse contexto, muitas crianças se sentiram solitárias e desconectadas dos amigos, tendo sua saúde mental e emocional afetadas.

Esse período extremamente difícil tornou ainda mais evidente a necessidade da promoção do desemparedamento da infância, para que as crianças possam explorar o mundo ao seu redor de forma mais livre e consciente.

Estudos mostram que o contato com a natureza pode melhorar a atenção, a memória e a capacidade de resolução de problemas, além de reduzir a ansiedade e o estresse. Portanto, integrar atividades que envolvam a natureza no currículo escolar pode trazer inúmeros benefícios para a aprendizagem e o desenvolvimento dos pequenos.

As experiências sensoriais que o ambiente ao ar livre proporciona podem ser incorporadas em atividades de aprendizagem, ou seja, a natureza é uma ferramenta de aprendizagem em si mesma, ao dar espaço para que sejam explorados conceitos de biologia, ecologia e meio ambiente de forma prática e concreta.

Na prática

Algumas das estratégias que podem ser adotadas para promover o desemparedamento das crianças no ambiente escolar. Veja só:

  1. Incluir espaços ao ar livre com brinquedos, materiais e estruturas que possibilitem às crianças experimentar e explorar o ambiente de forma livre e segura.
  2. Oferecer atividades que estimulem o movimento e deem espaço para a criatividade. 
  3. Estimular a curiosidade e a experimentação por meio de experiências sensoriais com diferentes texturas, cores, cheiros e sabores. 
  4. Proporcionar atividades ao ar livre que permitam às crianças explorar o ambiente natural, como caminhadas, piqueniques e atividades de jardinagem.
  5. Oferecer espaços para que os pequenos possam se expressar por meio de diferentes formas de arte, como pintura, desenho, escultura, teatro e música.
  6. Permitir que as crianças tenham voz e participem ativamente no processo de ensino e aprendizagem, incentivando a autonomia e a responsabilidade.
  7. Estabelecer um ambiente de confiança e acolhimento que permita aos pequenos explorar o ambiente de forma livre e segura, sem medo de julgamentos ou punições.

 

Olhar para o desemparadamento de forma positiva é muito necessário, porém, não podemos fechar os olhos para os desafios de sua implementação que podem incluir a resistência de professores e falta de capacitação dos mesmos, falta de recursos, engessamento dos processos avaliativos e resistência dos pais. Mas, apesar dos possíveis obstáculos, é fundamental que sejam adotadas estratégias para superá-los e promover uma educação mais livre e autônoma para as crianças.

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