A importância da vacinação na saúde pública global.
Vacinar ou não vacinar: isso ainda é uma questão?
Infelizmente, a resposta é SIM.
Embora a ciência tenha comprovado que as vacinas são seguras e eficazes na prevenção de doenças infecciosas, incluindo a COVID-19, ainda existem pessoas que se recusam a vacinar seus filhos e atualizar suas imunizações por várias razões, como medo dos efeitos colaterais, desinformação, crenças religiosas, entre outros fatores.
E o problema não se restringe ao Brasil. A hesitação em relação às vacinas é uma questão global que afeta a saúde pública e por isso os governos têm trabalhado para informar as pessoas sobre a segurança e a importância das vacinas.
No Brasil
O estudo “As Fake News estão nos deixando doentes?”, feito pela Avaaz em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em 2019, com o objetivo de investigar a associação entre a desinformação e a queda nas coberturas vacinais verificadas nos últimos anos detectou que 67% dos brasileiros acreditam em ao menos uma afirmação imprecisa sobre vacinação.
Segundo a pesquisa, entre as pessoas que não se vacinaram, 57% relataram pelo menos um motivo considerado como desinformação pelos profissionais da SBIm e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os mais comuns, nesta ordem, foram: “não achei a vacina necessária (31%)”; “medo de ter efeitos colaterais graves após tomar uma vacina (24%)”; “medo de contrair a doença que estava tentando prevenir com a vacina (18%)”; “por causa das notícias, histórias ou alertas que li online (9%) e “por causa dos alertas, notícias e histórias de líderes religiosos” (4%).
Outro ponto investigado foi a frequência com que os brasileiros têm contato com conteúdos contrários à vacinação nas redes sociais. Aproximadamente 38% dos que responderam à pesquisa disseram receber mensagens negativas com alguma regularidade, ao passo que 59% responderam que raramente recebem ou nunca receberam.
O prejuízo no que diz respeito à visão sobre as vacinas é claro: 72% dos que acreditam que as vacinas são parcialmente inseguras e 59% daqueles que pensam que as vacinas são totalmente inseguras afirmaram que já receberam notícias negativas sobre elas em suas redes sociais e serviços de mensagens.
Made in USA
Depois que a pesquisa mostrou sinais claros de que notícias falsas sobre vacinas influenciam os brasileiros, a Avaaz buscou descobrir quais eram essas notícias falsas e de onde elas vinham. A descoberta foi: o discurso antivacinação que circula no Brasil é importado dos Estados Unidos.
Quase metade da amostra de fake news corrigidas pelos verificadores brasileiros foi traduzida literalmente ou com base em informações originalmente publicadas, em inglês, nos Estados Unidos. O site “Natural News” é a fonte original de 32% da amostra e representa 69% do conteúdo não brasileiro. Os outros conteúdos eram nativos do país.
O conteúdo desinformativo analisado pela Avaaz teve grande alcance no Brasil. A equipe começou com uma amostra original de 30 notícias falsas já desmembradas por agências de verificação de fatos, incluindo o Ministério da Saúde do Brasil. Esses 30 conteúdos se multiplicaram nas redes: foram compartilhados em YouTube, Facebook, WhatsApp e sites – atingindo pelo menos 2,4 milhões de visualizações no YouTube, 23,5 milhões de visualizações no Facebook (apenas vídeos) e 578.000 compartilhamentos no Facebook. Em uma análise mais aprofundada dos vídeos do YouTube, foram encontrados 69 dos principais vídeos antivacinação que atingem coletivamente 9,2 milhões de visualizações e 40.000 comentários.
E agora?
No final de fevereiro, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação cujo tema é “Vacina é vida. Vacina é para todos” e que pretende recuperar as coberturas vacinais, a confiança nos imunizantes e a cultura de vacinação no país. A iniciativa contará com ações de comunicação e apoio de figuras públicas como a apresentadora Xuxa Meneghel. Na cerimônia de lançamento, o vice-presidente da SBIm, Renato Kfouri disse: “nós já tivemos um dos maiores programas de vacinação do mundo, mas perdemos essa posição. Um dos pilares fundamentais para a recuperação do sucesso é o investimento em comunicação, para aumentar a confiança nas vacinas, esclarecendo a importância, o valor e a necessidade de se proteger”.
Combater o movimento anti-vacinação é um desafio contínuo que requer uma abordagem multifacetada para promover a vacinação e garantir a saúde pública. E você também pode ajudar nesse enfrentamento, veja só:
Ação comunitária: é importante que líderes comunitários, grupos religiosos, grupos de mães e influenciadores se unam para aumentar a conscientização sobre a importância das vacinas.
Responsabilidade pessoal: cada indivíduo tem o dever pessoal de se educar sobre as vacinas e fazer escolhas informadas para si e para a comunidade. É vital buscar informações precisas e confiáveis e tirar dúvidas com médicos que pautem sua conduta na medicina baseada em evidências científicas.
Fonte de informação: Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)