A chegada de um filho marca uma das fases mais transformadoras na existência de uma mulher e, às vezes, pode ser um período extremamente desafiador emocionalmente
Na nossa sociedade, a chegada de um bebê geralmente é vista como um momento muito feliz para a mulher. Porém, para algumas mulheres, o período que se segue ao nascimento pode ser marcado por uma luta interna profunda, conhecida como depressão pós-parto. Essa condição vai além do “baby blues” – sentimentos de tristeza e instabilidade emocional que podem surgir nos primeiros dias após o parto – e se caracteriza por sintomas mais intensos e duradouros, impactando significativamente na vida da mãe e sua capacidade de cuidar de si mesma e de seu bebê.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos países desenvolvidos, de 10% a 15% das mulheres são afetadas pela depressão pós-parto. Já no Brasil, um país em desenvolvimento, essa taxa aumenta para 19%.
Sintomas da depressão pós-parto
A depressão pós-parto é uma condição contínua e duradoura que afeta significativamente a funcionalidade da mulher. É importante saber que esse tipo de depressão pode aparecer desde a quarta semana após o parto até o décimo oitavo mês de vida do bebê. Seus sintomas incluem:
– Sentimentos persistentes de tristeza, vazio ou desesperança;
– Falta de interesse ou prazer em atividades anteriormente agradáveis;
– Alterações significativas no apetite ou peso;
– Distúrbios do sono, como insônia ou hipersonia;
– Fadiga ou perda de energia;
– Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, especialmente relacionados à maternidade;
– Dificuldade de concentração e tomada de decisões;
– Irritabilidade ou raiva excessiva;
– Retraimento de amigos e família;
– Pensamentos de prejudicar a si mesma ou ao bebê.
Causas da depressão pós-parto
Não existe uma única causa para a depressão pós-parto, mas uma combinação de fatores físicos, emocionais e ambientais. Entre eles, destacam-se:
Alterações hormonais: após o parto, ocorre uma rápida queda nos hormônios estrogênio e progesterona, o que pode contribuir para a depressão pós-parto. Outros hormônios produzidos pela tireoide também podem cair drasticamente, afetando o humor.
Fatores emocionais: o estresse de cuidar de um recém-nascido, mudanças na identidade pessoal e no corpo, e a falta de sono podem afetar significativamente o estado emocional da mãe.
Histórico de saúde mental: mulheres com histórico de depressão ou transtornos de ansiedade estão em maior risco de desenvolver a doença.
Rede de apoio: a falta de suporte, seja do companheiro, familiares ou amigos pode aumentar o risco de depressão pós-parto.
Experiências negativas: partos traumáticos ou a internação do bebê em UTI neonatal podem ser fatores desencadeantes.
Fatores ambientais: isolamento social, problemas financeiros e abuso de substâncias químicas também são fatores de risco para a depressão pós-parto.
Entender a depressão pós-parto é essencial para desmistificar esta condição e promover uma rede de apoio eficaz para as mães afetadas. Reconhecer os sintomas e aceitar a busca por ajuda são passos fundamentais para a recuperação. Lembre-se: a depressão pós-parto não é uma falha de caráter ou uma fraqueza; é uma condição médica que necessita de atenção e cuidado.
Quanto mais cedo a doença for diagnosticada e tratada, melhor será a recuperação da mãe. O tratamento pode incluir terapia, medicamentos e apoio de grupos. A busca por ajuda profissional é um passo fundamental nesse processo, assim como o apoio de familiares e amigos.