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Madrasta não é palavrão!

Foi com essa frase icônica que a educadora parental, mãe e madrasta Mariana Camardelli liderou uma campanha para a mudança do significado do verbete

Há pouco tempo, se você digitasse a palavra madrasta no Google o resultado seria: “aquilo que provêm de dissabores em vez de proteção e carinho” e “mulher má, incapaz de sentimentos afetuosos e amigáveis”. Porém, se você fizer essa busca agora, o resultado será outro porque as definições anteriores foram removidas do dicionário Oxford, parceiro do Google.

A mudança não aconteceu num passe de mágica, pelo contrário. Ela é fruto de uma campanha de mais de dois anos liderada pela educadora parental, mãe e madrasta Mariana Camardelli, que mantém um perfil ativo e extremamente educativo e acolhedor, no Instagram, chamado Somos Madrastas.

Agora, o resultado da busca pela palavra madrasta passa a ser equivalente ao de padrasto: “mulher em relação aos filhos anteriores da pessoa com quem passa a construir sociedade conjugal”. Nada mais justo, afinal, a palavra madrasta deriva do latim matrastra, que significa “mulher do pai”.

Mulher má

Essa ideia de que a madrasta não é uma pessoa boa é muito antiga. Nas fábulas infantis dos Irmãos Grimm, no início do século XIX, elas já era retratadas de maneira pejorativa. Segundo o livro “O lado sombrio dos contos de fada”, da escritora e jornalista Karin Hueck, naquela época e em séculos anteriores, a alta taxa de mortalidade materna durante o parto deixava milhões de crianças órfãs sob os cuidados de mulheres que não eram suas mães biológicas e que nem sempre se preocupavam com seu bem-estar.

Então, veio a Disney e colocou mais uma camada de tinta nessa versão nem sempre verdadeira sobre as madrastas. Prova disso é a infinidade de personagens mulheres, que ocupam o lugar de madrasta, e são retratadas como frias, cruéis, vaidosas, que invejam enteados e enteadas e cometem atrocidades em nome do poder.

Na vida real, os conflitos podem passar por diversos lugares, a começar por essa ideia fantasiosa de que a madrasta é uma pessoa má, que quer roubar o lugar da mãe e dos filhos. Em meio às complexas emoções que surgem durante uma separação, pode ser extremamente desafiador para uma mãe lidar com a aproximação dos filhos em relação à madrasta. É natural que ela se sinta deixada de lado ou receosa de perder espaço por conta dessa nova figura feminina que também será uma referência na vida dos seus filhos.

Apesar da dor que uma separação traz, é fundamental que os adultos envolvidos haja como tal e pensem no bem-estar da criança, independente de como a relação entre eles se faz. Por isso, eles devem estar comprometidos em romper com padrões familiares passados, além de evitar que suas próprias angústias afetem a criança.

Vínculos saudáveis

Já é hora de desafiar esses estigmas da relação entre madrastas e enteados e reconhecer que é possível criar laços afetivos significativos que transcendem os papéis tradicionais, não é mesmo? Por isso, aqui vão algumas estratégias para ajudar nessa construção de vínculos sólidos e harmoniosos.

 

  1. A base de qualquer relacionamento saudável é a comunicação. Portanto, busque estabelecer um ambiente de diálogo aberto e respeitoso. Crie espaço para expressar sentimentos, ouvir atentamente e evitar julgamentos precipitados. Tudo isso ajuda na construção de confiança mútua.

 

  1. Muitas vezes, madrastas e enteados podem ter vivências e perspectivas diferentes, o que pode levar a mal-entendidos. A prática da empatia é fundamental nesses momentos. Ao tentar se colocar no lugar do outro, é possível desenvolver uma compreensão mais profunda e aceitar as diferenças individuais. Reconhecer que cada um tem uma história única e valorizar as experiências compartilhadas ajudará a fortalecer o vínculo.

 

  1. Investir tempo de qualidade juntos é crucial para criar laços mais profundos. Planejar atividades que sejam do interesse de ambos, como passeios ao ar livre, cozinhar ou assistir a um filme, permite que madrastas e enteados compartilhem momentos significativos. Ao criar memórias positivas, o relacionamento se fortalece e as barreiras se dissipam gradualmente.

 

  1. Estabelecer limites e papéis claros pode ajudar a evitar conflitos desnecessários – e aqui o papel do genitor é vital. Discutir as expectativas e os acordos mútuos, respeitando a privacidade e os espaços individuais, é fundamental para estabelecer um ambiente saudável. Reconhecer que cada um tem um papel único na vida do outro pode abrir caminho para uma dinâmica mais equilibrada e respeitosa.

 

  1. Não hesite em buscar apoio externo se necessário. Terapias familiares ou grupos de apoio podem oferecer uma plataforma segura para compartilhar desafios e buscar conselhos de pessoas que passaram por situações semelhantes. Ouvir diferentes perspectivas e aprender com experiências alheias pode ser um valioso suporte para fortalecer a relação entre madrastas e enteados.
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