Nem todo comportamento alimentar é um problema. Saiba quando é hora de se preocupar e buscar ajuda
A seletividade alimentar é comum em diversas fases da infância. Esse processo tem como característica a recusa em comer determinados alimentos e isso acontece, geralmente, por motivos sensoriais, como a aparência, o cheiro, o sabor ou a textura. É uma fase normal do desenvolvimento, que costuma desaparecer por volta dos 7 anos de idade.
No entanto, em alguns casos, a seletividade alimentar pode se tornar um transtorno alimentar conhecido como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE). O TARE é uma doença psiquiátrica que se caracteriza por uma restrição persistente à ingestão de alimentos, levando a deficiências nutricionais e a prejuízos na saúde física e mental dos pequenos.
As principais diferenças entre seletividade alimentar e TARE são:
Idade: a seletividade alimentar é mais comum na infância, enquanto o TARE pode ocorrer em qualquer idade – apesar de seu surgimento ser mais frequente na infância e adolescência.
Persistência: a seletividade alimentar costuma ser transitória, enquanto o TARE é caracterizado por comportamentos alimentares restritivos persistentes.
Amplitude da restrição: enquanto a seletividade alimentar se manifesta em preferências específicas, o TARE envolve uma restrição mais ampla e extrema na variedade de alimentos consumidos.
Gravidade: a seletividade alimentar pode ter um impacto mínimo na saúde global, porém, o TARE está associado a consequências nutricionais e emocionais mais graves com consequências que podem envolver desnutrição e atraso no crescimento e desenvolvimento.
Causas: enquanto a seletividade alimentar pode ter como pano de fundo diversos fatores, como amadurecimento do paladar, experiências alimentares negativas ou questões do neurodesenvolvimento, o TARE tem uma causa multifatorial, que envolve aspectos genéticos e ambientais.
Tratamento: normalmente, a seletividade alimentar pode ser superada com o suporte de nutricionistas e fonoaudiólogos especialistas em dificuldades alimentares. O TARE, no entanto, requer a intervenção de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, nutricionistas, psicólogos e terapeutas, que tem como objetivo ajudar a criança a superar a restrição e a desenvolver hábitos alimentares saudáveis.
Olhos abertos
É importante estar atenta a sinais específicos de seletividade alimentar que podem indicar o desenvolvimento do Transtorno Evitativo Restritivo. Sinais importantes a serem observados são:
– Recusa persistente de grupos inteiros de alimentos, como frutas, vegetais, proteínas ou carboidratos.
– Aversão extrema a alimentos com determinadas texturas, como crocantes, viscosos ou fibrosos.
– Intolerância com refeições que contenham misturas de ingredientes, demonstrando uma preferência rígida por alimentos isolados.
– Aceitação de apenas um número muito limitado de alimentos, resultando em uma dieta extremamente restrita.
– Respostas emocionais intensas, como ansiedade, raiva ou náusea, ao ser apresentado a novos alimentos ou texturas.
– Manutenção de padrões seletivos além da fase de desenvolvimento típica, sem melhora ao longo do tempo.
– Resistência significativa em experimentar novos alimentos, mesmo quando encorajado ou incentivado pelos pais.
– Dificuldade em participar de eventos sociais que envolvem alimentos, como festas, devido à rigidez alimentar.
– Preocupação excessiva com a forma como os alimentos são preparados, podendo levar a rituais específicos ou exigências detalhadas.
– Aceitação de apenas uma forma específica de preparo para cada tipo de alimento.
Caso você observe esses sinais, busque ajuda. Procure a orientação de profissionais de saúde, como pediatras, nutricionistas ou psicólogos especializados em transtornos alimentares infantis. O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são essenciais para garantir um desenvolvimento saudável e uma relação positiva das crianças com a alimentação.