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O que será que acontece na mente do seu bebê durante a leitura?

Por muito tempo na história as crianças foram consideradas pequenos adultos, e por isso, encontrar estudos sobre o desenvolvimento mental e cognitivo dos bebês foi por um longo período algo raro e até mesmo estranho. O amadurecimento da memória e da atenção é fundamental para a manutenção da vida, por meio delas nos orientamos em relação ao espaço e tempo, criamos hábitos e compreendemos melhor o que são e para que servem os relacionamentos. Por isso, hoje queremos falar sobre como a leitura pode contribuir para esse processo de desenvolvimento tão importante.

São os neurônios os responsáveis pela boa resposta da nossa memória, e surpreendentemente eles se desenvolvem em nós desde a décima segunda semana de vida, por isso, hoje, é absolutamente incompatível a ideia de que bebês não sentem ou não tem memória sobre o período intra uterino. Essa descoberta é relativamente recente (década de 60) e foi a partir dela, que se pode repensar o desenvolvimento da mente dos bebês e a sua relação com o aprendizado.

Dentro da barriga de suas mães, os bebês reconhecem vozes e até mesmo o cheiro materno. Por meio do som e de sensações primárias que ocorrem ainda dentro da gestação, o feto inicia um processo, que mais tarde, ao nascer, será importante para sua sobrevivência: a memorização que irá lhe permitir reconhecer quem ali deve lhe proteger.

Claro, que não podemos comparar o processo de memorização de um adulto a de um recém nascido, essa memória fetal é ainda inconsciente e vai tomando forma conforme os estímulos que recebe.

Por isso, ler para o bebê que ainda não nasceu não é uma brincadeira sem sentido.
Ao ler “ para a barriga” você despertará no bebê o reconhecimento da sua voz, além do vínculo e afeto criado nesse momento.

O cérebro do bebê entre 0 a 3 anos é extremamente flexível e tem muito mais neurônios do que o cérebro de um adulto. À medida que crescemos, um processo chamado de “poda neuronal” ocorre naturalmente, para que dessa forma possamos descartar as conexões e neurônios que não são úteis para nós. Como se uma limpeza periódica ocorresse a cada tanto para esvaziar a cabeça do excesso de material acumulado e não utilizado.
O cérebro se molda e se transforma a partir das conexões recebidas por ele, e elas são feitas a partir do estabelecimento de relações de afeto, cuidado e acolhimento criadas com o bebê, fatores que o ajudam a interagir de uma forma segura com o ambiente, com os objetos e com os aprendizados e desafios que ele tem a cada dia.

Segundo a neurociência, que estuda a atividade cerebral dos bebês, já se sabe que o bebê pode processar informações de curto prazo e captar várias sensações dadas por uma mesma informação, ou seja, o bebê ao receber um único estímulo pode produzir uma série de outras novas conexões em seu cérebro, por isso, eles são potencialmente sensíveis e ao mesmo tempo muito criativos.
Mas, e o que isso tem a ver com a leitura?

Vamos lá:
Nós, adultos, ao lermos um livro decodificamos a informação dada pela linguagem escrita e também visual, e a partir disso criamos em nossa mente uma voz narradora e também imaginamos uma história com algumas figuras ou cenas, como se um pequeno filme fragmentado passasse pela nossa cabeça.
Os pequenos, por sua vez, pela alta plasticidade de seus cérebros e velocidade produzida pela recepção de novas conexões, ao lerem um livro ou escutar uma história contada por nós, criam não só um filme, mas toda uma epopeia de sensações, que preenchem não só o cérebro de novos caminhos, mas gera um mundo de repertórios criativos, que ficam retidos na memória. As crianças, por terem essa percepção tão sensível, são capazes de dar um outro sentido às histórias, e criar um outro mundo em sua mente para além do que está descrito em cada página do livro.

Outro fator fantástico que ocorre na mente dos pequenos, e faz com que o aprendizado e a percepção seja ainda mais potente, é o fato de ser uma mente ausente de preconceitos; Para eles, todo estímulo é novo, é algo nunca visto e, por isso, a mente se torna muito mais aberta para observar, analisar e criar de uma maneira muito rápida.
É essa mente livre de caminhos pré-estabelecidos que faz com que as crianças aprendam muito mais rápido do que nós.

A literatura desde a gestação possibilita uma aproximação entre o bebê e a mãe ou adulto de referência, numa construção de vínculo e memórias que durará para a vida toda.

Selecionamos alguns títulos para você iniciar essa jornada com o seu bebê: 

Ops, de Marilda Castanha
Nesse livro, os movimentos do bebê são narrados por uma só palavra, Ops, que guia a narrativa e a leitura.

Urso e barco, de Cliff Wright
Uma narrativa visual conduzida por poucas palavras que traz muitos detalhes nas imagens. Um livro para ir e vir várias vezes com os bebês.

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