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Exploração sensorial literária: pode morder o livro, sim!

Nas páginas de um livro, a criança encontra não apenas histórias, mas também a liberdade de descobrir o mundo por meio dos sentidos

No mundo das histórias infantis, cada página é uma porta para um universo de aventuras, descobertas e aprendizado. No entanto, além das palavras que saltam das páginas, existe outra dimensão da literatura infantil que muitos adultos podem não compreender totalmente: a necessidade das crianças de se apropriarem dos livros de maneira física, até mesmo rasgando e mordendo suas páginas. Embora possa parecer contraproducente à primeira vista, essa exploração sensorial desempenha um papel vital no desenvolvimento infantil.

A apropriação física dos livros por parte das crianças é uma manifestação do instinto natural de explorar o mundo que as cerca. Da mesma forma que um bebê explora objetos com as mãos e a boca para compreender sua textura, sabor e forma, eles também desejam experimentar o mundo da literatura com todos os seus sentidos. Ao rasgar uma página, morder uma capa ou lamber uma ilustração, a criança está aprendendo sobre as propriedades físicas dos objetos, desenvolvendo coordenação motora e conectando-se com a história de uma maneira única.

Permitir esse tipo de contato não apenas ajuda no desenvolvimento sensorial e cognitivo, mas também fortalece o vínculo emocional com os livros. Portanto, encorajar essa exploração cuidadosamente monitorada pode ser uma maneira poderosa de nutrir o amor pela leitura e estimular o crescimento saudável das crianças em um mundo repleto de histórias e possibilidades.

Palavra de especialista

Yolanda Reyes, uma grande especialista em literatura e bebês, possui um espaço incrível em Bogotá, na Colômbia. É o Espantapájaros: uma livraria, um jardim de infância e um sistema de oficinas, estágios e atividades culturais dirigidas a meninos e meninas e aos adultos que os acompanham no crescimento.

Em seu espaço, ela possui a cesta dos “mais mordidos”. É uma indicação de compra dos livros que, a partir da experiência da livraria, são os preferidos das crianças para morder. A ideia da cesta reflete a decisão da equipe Espantapájaros de defender o direito das crianças de crescerem rodeadas de livros. Nas palavras da própria Yolanda Reyes: “comprar livros da cesta dos mais mordidos tem suas vantagens. Por um lado, você defende o direito dos pequenos de ler com todos os seus sentidos. Por outro lado, você obtém livros que foram ‘testados’ pelos leitores mais sensíveis. Qualidade garantida!”

Então, desapega da sacralidade dos livros e deixe sua criança explorar esse objeto com todo o seu corpo. E quando se pegar de coração partido por remendar uma página ou outra, lembra que livro tem vida e não há vida sem cicatrizes.

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