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É preciso tirar os óculos de adulto para se comunicar com as crianças

Quantas vezes tentamos encaixar as crianças dentro de determinadas caixinhas: ah, ele é muito tímido. Ou: ah, ela será assim porque só gosta de tal coisa.

Mas quanto das nossas expectativas jogamos nas crianças, esperando que elas respondam a elas?
Um tema delicado e importante é apresentado pelo autor Jean-Claude R. Alphen, em “O mundo de papel”. 

O mundo de papel, de Jean-Claude R. Alphen. Compre na loja da Jujuba

O conto, com muita sensibilidade, dialoga com o universo dos adultos e das crianças. Apresenta sentimentos inerentes ao ser humano, como incompreensão, solidão, além de desejos de um mundo livre das convenções.

Assim é Nicolai, que, como toda criança, quer ser “vista”, aceita e reconhecida como é, e não como “deveria ser”. 

Os pais, a princípio, não compreendem seu jeito diferente de ser, e tentam fazer com que o olhar do garoto ganhe uma moldura mais “normal”, e fazem de tudo para tentar tirar o menino do mundo solitário de papel.  Até o momento em que Nicolai sugere que os pais embarquem com ele na fantasia. Os dois aceitam a proposta e se aventuram no desconhecido da brincadeira do filho.

“A criança nasce com muita sabedoria, mas os pais a moldam para viver em sociedade, e isso é necessário nesse mundo que vivemos. Mas o que quis foi trazer nessa história o encontro entre pais e filhos, esses momentos raros e lindos de escuta, de respeito ao tempo e ao mundo um do outro”, diz o autor, que confessa ter criado esse livro como uma forma de retribuição ao apoio de seus pais, que respeitaram sua personalidade quando criança – bastante parecida com a do Nicolai, bem como sua escolha de se dedicar ao desenho.

“Esse é o livro mais experimental que já fiz. Ousei em tudo: na cor, na ilustração, no texto. O traço é extremamente simples, e por isso mesmo cria uma identificação com a criança. É como se o Nicolai tivesse acabado de desenhar, está tudo meio inacabado, tem frescor. A cor que escolhi é de sonho, pois tudo nessa história é ambíguo, você não sabe se o que está sendo contado é real ou imaginário”, conta o autor, comemorando a liberdade conquistada na criação do projeto.

O mundo de papel é desses livros que instiga o leitor de qualquer idade a olhar com delicadeza e a viajar em universos inesperados e fantásticos.

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