De onde vêm as emoções? Do que se alimenta a raiva? Por que estamos calmos e de repente -pum –não estamos mais? Pedro vira porco-espinho conta a história de um menino comum que vai levando a vida em suas rotinas de criança. Ele gosta de desenhar, brincar com os amigos, ganhar carrinho. Porém, tem um detalhe: quando uma dessas coisas não acontece como ele espera, Pedro vira porco-espinho. Isso mesmo, ele cria espinhos eseu corpo se enrijece todo.
Com uma metáfora sutil e divertida sobre as transformações do humor e as sensações que experimentamos na vida–que muitos pais podem chamar de “birra” ou “manha”, o livro convida o pequeno leitor a refletir sobre a origem dos sentimentos. As ilustrações em guache e nanquim compõem as oscilações de humor do personagem.
Sem resvalar em didatismo ou em uma linguagem impositiva, a história lança mão do humor crítico cheio de sagacidade característico da autora, Janaína Tokitaka, para conduziros leitores a um potente ensinamento sobre o tempo das coisas, a importância de se ter paciência, e a inevitabilidade de às vezes termos de fazer coisas que não queremos.
Mais do que isso, o livro deixa de lado a ideia de que a criança é um ser passível de controle para enxergá-la como um ser que tem vontades, e que merece ser percebida em suas necessidades emocionais. A história comunica a importância de apresentar às crianças os sentimentos humanos mais virtuosos e também os mais mesquinhos e inconfessáveis.
Afinal, todo mundo tem seu dia de porco-espinho, não é mesmo? Ao nomear o que às vezes pode ser raiva e outras vezes ansiedade ou capricho, o livro situa a criança em suas próprias vivências internas, ajudando-a a lidar com sentimentos que ela ainda conhece pouco.
No final, o leitor descobre que tudo o que vira também desvira, e que basta apreciar as boas coisas da vida para o porco espinho ir embora rapidinho.