Saiba como a literatura pode ajudar as crianças a identificar e lidar com suas emoções, desenvolver empatia e resiliência, e construir relacionamentos saudáveis
Para os adultos, nem sempre é fácil nomear o que se sente em determinadas situações. Imagine para as crianças que ainda estão se desenvolvendo e buscando entender o mundo e o que acontece à sua volta. Definitivamente, essa não é uma tarefa fácil. Por isso que a literatura é uma das ferramentas mais poderosas que podemos oferecer às crianças para ajudá-las a lidar com suas emoções.
Em “Pedro vira porco-espinho”, Janaina Tokitaka, o pequeno Pedro vai levando a vida em sua rotina de criança, mas quando algo não acontece como ele espera, pronto, ele vira porco-espinho. Com essa metáfora divertida sobre as transformações do humor e as sensações, o livro convida o leitor a refletir sobre a origem dos sentimentos: de onde vêm as emoções? do que se alimenta a raiva? por que estamos calmos e, de repente, não estamos mais?
Quando as crianças leem histórias, elas são apresentadas a personagens que experimentam uma ampla gama de emoções, desde alegria e felicidade até tristeza e medo. Ao se identificarem com esses personagens, os pequenos podem aprender a nomear seus sentimentos e, por consequência, lidar com suas emoções de maneira mais saudável.
Em “Eu (não) gosto de você!”, Raquel Matsushita conduz o pequeno leitor para o entendimento de que a chegada de um irmão nunca é tão tranquila e, apesar do cuidado dos pais, o ciúme, a raiva e o descontentamento sempre aparecem, mesmo que também haja, no meio dessa confusão sentimental toda, muito amor, porque o sentir pode ser bem complexo e paradoxal, às vezes.
As narrativas, além de ajudarem os pequenos a organizar seu mundo interior, contam com metáforas que oferecem uma forma mais sutil de lidar com os sentimentos.
Nome aos bois
Embora sentir seja algo natural, nomear os sentimentos pode ser um desafio, especialmente se não aprendemos a fazê-lo. Por isso é tão fundamental que os pais acolham os sentimentos dos pequenos, permitam que eles sejam sentidos e ajudem as crianças a dar nome a cada um deles, porque nomear os sentimentos não é apenas essencial para expressar nossas dores, mas também para entender os sentimentos daqueles que amamos e convivemos. A habilidade de ler os sentimentos alheios requer a capacidade de comunicá-los bem e podemos ensinar isso às crianças desde cedo.
O livro “Emocionário: diga o que você sente”, de Cristina Núñez Pereira, Rafael R. Valcárcel e Rafaella Lemos é literalmente um dicionário de emoções que ajuda os pequenos a entender melhor o que se passa com eles. Prazer, ódio, entusiasmo, insegurança, orgulho e muitos outros sentimentos são explicados de forma simples e delicada.
Todas as emoções são importantes e merecem respeito. Acolha os sentimentos do seu filho, jamais diminua seu medo, insegurança ou cale seu choro. Busquem juntos um caminho para entender o que se passa e tenha os livros como grandes aliados nesse processo.