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Eu não gosto do meu filho. E agora?

A construção do vínculo afetivo entre mãe e filho é um processo que pode ser acompanhado por sentimentos ambivalentes e desafiadores

Constantemente, o vínculo materno é idealizado como uma conexão instantânea e inquebrável entre mãe e bebê, mas essa visão pode não refletir a realidade de todas as mães. A falta de uma conexão imediata é mais comum do que se imagina e não deve ser encarada como uma falha.

Uma pesquisa da organização inglesa National Childbirth Trust (NCT) revelou que cerca de um terço (32%) das mães no Reino Unido enfrentam dificuldades para estabelecer um vínculo com seus bebês. Além disso, mais de 10% das novas mães se sente envergonhadas em falar com um profissional de saúde sobre esses problemas, o que pode levar a sentimentos de culpa, vergonha e inadequação.

A construção do vínculo materno entre mãe e bebê é um processo complexo e profundo, que pode se desenrolar de maneiras diferentes para cada mulher. Apesar da idealização comum de um amor instantâneo e incondicional assim que o bebê nasce, a realidade pode ser bem diferente e igualmente válida, afinal, esse laço é moldado por uma série de fatores emocionais, biológicos e sociais, que influenciam tanto a mãe quanto o bebê.

Nos primeiros dias após o parto, muitas mães podem se sentir exaustas, sobrecarregadas e até mesmo desconectadas do bebê. Esse sentimento é normal e não diminui a capacidade de a mãe desenvolver um forte vínculo com seu filho. O tempo e a convivência diária são fundamentais para essa construção. À medida que a mãe cuida do bebê, aprende suas necessidades e começa a entender seus sinais e comportamentos, um sentimento de intimidade e amor pode crescer de forma gradual e natural.

O contato físico é uma das maneiras mais poderosas de fortalecer o vínculo. A amamentação, por exemplo, não apenas nutre o bebê, mas também proporciona momentos de proximidade e afeto. O toque, o cheiro e o calor do corpo da mãe são fontes de conforto para o recém-nascido, promovendo uma sensação de segurança e bem-estar.

Além disso, o apoio social é fundamental. A presença de familiares, amigos e profissionais de saúde pode ajudar a mãe a se sentir mais confiante e menos isolada, facilitando a construção do vínculo. Grupos de apoio e atividades de cuidado compartilhado são excelentes oportunidades para trocar experiências e fortalecer a rede de suporte.

É importante lembrar que cada mãe e bebê são únicos, e não existe uma “receita” para desenvolver o vínculo materno. O que importa é que a mãe se permita viver suas emoções, busque apoio quando necessário e confie no processo de descoberta mútua. Com o tempo, a conexão tende a se fortalecer

Eu odeio ser mãe

Quem nunca pensou “eu amo meu filho, mas odeio ser mãe”, que atire a primeira pedra. O sentimento de amar os filhos, mas odiar ser mãe é mais comum do que se imagina e envolve uma complexa mistura de emoções e experiências.

Muitas mulheres entram na maternidade com a expectativa de que será uma experiência maravilhosa e gratificante em todos os aspectos. No entanto, a realidade pode ser muito diferente, com desafios diários que podem ser exaustivos e frustrantes.

Ser mãe envolve uma quantidade enorme de trabalho físico, emocional e mental. Cuidar de uma criança, especialmente quando há falta de apoio, pode levar à exaustão. A constante necessidade de estar disponível para as demandas do bebê pode deixar as mães se sentindo esgotadas e sobrecarregadas. Muitas mulheres sentem que perdem uma parte de sua identidade ao se tornarem mães. Elas podem sentir falta da liberdade e da autonomia que tinham antes de ter filhos. A sensação de que suas vidas giram exclusivamente em torno das necessidades das crianças pode gerar ressentimentos.

Além disso, a maternidade também pode ser uma experiência solitária. Muitas mães se sentem desconectadas de suas antigas amizades e podem achar difícil encontrar tempo para manter ou cultivar novos relacionamentos.

Como se isso tudo não bastasse, a pressão para ser a “mãe perfeita” pode ser esmagadora. A comparação com outras mães, seja nas redes sociais ou na vida real, pode levar a sentimentos de inadequação e fracasso. O desejo de atender a padrões irreais pode criar um ciclo de autocrítica e frustração. A falta de apoio do parceiro, família ou amigos pode tornar a maternidade ainda mais desafiadora. Sem uma rede de suporte, as mães acabam carregando todo o peso do cuidado sozinhas. E ainda tem a cereja do bolo materno: a falta de reconhecimento pelo trabalho árduo que a maternidade envolve faz com que as mães se sintam profundamente desvalorizadas.

Por isso, é importante entender que é possível amar profundamente os filhos e, ao mesmo tempo, achar a experiência da maternidade difícil e frustrante. Esses sentimentos não são mutuamente exclusivos. O amor pelos filhos pode coexistir com a aversão às responsabilidades e sacrifícios que a maternidade impõe.

Para lidar com essas sensações ambíguas, é importante buscar apoio, seja por meio de terapia, grupos de apoio ou conversando com outras mães que possam entender suas experiências. O reconhecimento e a validação desses sentimentos podem ser os primeiros passos para assentar cada coisa em seu lugar.

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