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Estratégias realistas para equilibrar o tempo de tela nas férias

O que fazer quando a tela vira a única opção?

As férias de inverno chegaram, as crianças estão em casa com energia de sobra e, entre uma tentativa e outra de distraí-las com algo novo, surge o que já parecia inevitável: o tempo de tela começa a dominar a rotina.

Tablet, celular, videogame, televisão… Em um piscar de olhos, o que era para ser só “um episódio antes do almoço” vira uma maratona até o jantar. E quando percebemos, as férias parecem girar em torno de carregar bateria, conectar wi-fi e negociar mais cinco minutinhos.

Mas e se a gente dissesse que tudo bem?

Que não é sobre demonizar a tecnologia, mas sim aprender a criar um equilíbrio possível. E que há formas realistas, respeitosas e até divertidas de propor pausas, convites diferentes e momentos juntos, mesmo que a tela ainda esteja por perto.

Este post é um abraço em quem está vivendo esse dilema. Vamos juntos?

Tempo de tela nas férias: por que é tão difícil equilibrar?

Não é só na sua casa. Durante as férias, os dias parecem mais longos, as rotinas mudam, e muitas vezes os adultos continuam trabalhando. Com menos estrutura e mais tempo livre, as crianças naturalmente buscam o que está mais disponível — e, convenhamos, a tecnologia é ótima em oferecer estímulos rápidos, sons, cores e recompensas.

Além disso, a tela pode ser um respiro real para quem cuida. Quando a criança está entretida, o adulto consegue trabalhar, cozinhar, tomar um banho demorado ou simplesmente respirar. E isso é legítimo. Ninguém precisa ser superpai ou supermãe o tempo todo.

Mas é também verdade que o excesso de tempo de tela pode afetar o sono, o humor, a disposição e até a capacidade de se interessar por brincadeiras mais simples. E por isso vale tentar equilibrar.

A seguir, reunimos estratégias possíveis — de verdade. Sem fórmulas mágicas. Sem metas inatingíveis. Com empatia, afeto e acolhimento.

1. Começar pela conversa

Antes de mais nada, vale lembrar: crianças entendem mais do que a gente imagina. Ao invés de impor limites de tela sem contexto, tente abrir uma conversa. Explique por que vocês vão tentar equilibrar o tempo. Fale dos efeitos da tela no corpo e na cabeça. E convide a criança a pensar junto em outras formas de se divertir nas férias. Você pode usar frases como:

  • “A gente vai continuar usando a tela, mas também vai tentar brincar de outras coisas. Topa me ajudar com isso?”

  • “Sabia que nosso corpo precisa de movimento e de luz natural para se sentir bem?”

  • “Vamos montar um combinado das férias?”

Criar regras juntos é mais eficaz do que aplicar punições ou chantagens. Dê autonomia, sugira e escute. Se possível, escrevam juntos um “acordo de férias” e deixem visível na geladeira.

2. Entender o papel da tela

Nem todo tempo de tela é igual. Há uma diferença enorme entre uma criança sozinha vendo vídeos aleatórios e outra assistindo a um documentário sobre dinossauros com um adulto ao lado, comentando.

Tente variar entre os tipos de uso:

  • conteúdo passivo (como vídeos e filmes)

  • conteúdo interativo (como jogos que estimulam o raciocínio)

  • conteúdo criativo (como aplicativos de desenho, edição ou música)

Se possível, intercale momentos de tela compartilhada com momentos livres. E sempre que der, pergunte o que a criança está assistindo, como se sente, o que acha daquela história. Interessar-se genuinamente pelo mundo digital da criança ajuda a criar conexão — e também te dá pistas sobre o que ela está buscando na tela (fuga, curiosidade, tédio?).

3. Criar pausas ativas

Pausar não significa tirar a tela e deixar um vazio. A melhor maneira de fazer uma pausa é oferecer uma alternativa concreta e interessante. Algumas sugestões práticas para pausar com leveza:

  • uma mini gincana dentro de casa (vale corrida de meias, cabo de guerra com toalha, caça ao tesouro)

  • um quebra-cabeça deixado montado em uma mesa para ir fazendo aos poucos

  • um jogo de cartas ou de tabuleiro sempre à vista

  • uma playlist de música animada para dançar em família

  • um convite surpresa como “será que conseguimos construir um túnel com essas caixas?”

A pausa ativa precisa ser mais atrativa do que a tela naquele momento. Por isso, pense em coisas que encantem a sua criança — e tudo bem começar com 10 minutos. Aos poucos, ela pode se envolver mais.

4. Propor o uso da tela como ponte, não como fim

Sim, a tela pode ser aliada. Que tal assistir a um episódio e depois tentar reproduzir a receita que apareceu no desenho? Ou usar o Google Earth para “viajar” para um país e depois desenhá-lo? Ou ainda ver vídeos de experimentos e recriar com materiais simples? Aqui vão algumas ideias:

  • assistir a uma história e depois encenar com bonecos

  • ver um passo a passo de origami e montar juntos

  • usar o YouTube Kids para aprender uma nova música e fazer um mini show

  • explorar aplicativos que ensinam programação de forma lúdica

  • ver clipes musicais e criar uma coreografia

A ideia é transformar o digital em um primeiro passo — e não no único passo. Isso também ajuda a criança a perceber que a diversão não precisa terminar quando o vídeo acaba.

5. Incluir leitura na rotina

A leitura é uma das formas mais potentes de ocupar o tempo sem tela. Mas ela precisa ser apresentada com carinho, e não como obrigação. Tenha livros ao alcance das mãos, monte um cantinho de leitura com cobertas e almofadas, combine de ler juntos um capítulo por dia. E lembre-se: vale HQ, vale livro de curiosidades, vale reler mil vezes o mesmo conto. O importante é o vínculo que se cria ali.

Uma ideia legal é fazer a leitura acontecer em momentos-chave, como:

  • depois do almoço, como pausa

  • antes de dormir, com meia-luz e voz calma

  • em voz alta, com a criança no colo ou deitada

  • usando personagens para contar a história como teatro

A leitura, quando vira afeto, vira rotina com gosto de quero mais.

6. Trazer a criança para a vida real

Durante o uso excessivo da tela, o mundo real vai ficando menos interessante. Mas incluir a criança na rotina da casa pode ser uma forma sutil de reconexão.

Convide para:

  • ajudar no preparo de uma receita

  • lavar brinquedos ou dar banho em bonecos

  • cuidar de uma planta

  • arrumar um canto da casa juntos (como o quarto ou a estante)

Transforme a tarefa em uma missão, ou em um jogo. Coloque música, proponha desafios. Isso ajuda a devolver sentido ao cotidiano — e reduz a dependência da tela como única fonte de estímulo.

7. Dar o exemplo — dentro do possível

Sabemos que adultos também usam telas para tudo: trabalhar, se comunicar, se distrair. Mas é importante que a criança veja outros modelos de lazer e pausa. Tente, quando estiver com ela, manter o celular guardado. Ler um livro na frente da criança. Fazer uma receita em silêncio. Ou só ficar presente de verdade. Quando os adultos demonstram prazer em atividades offline, as crianças entendem que ali também existe diversão.

8. Lidar com os dias em que nada vai funcionar

Tem dias em que tudo parece dar errado. A criança está entediada, cansada, e só quer ver TV. E você também está sem energia para inventar qualquer outra coisa. Nesses dias, tudo bem. A ideia não é alcançar a perfeição, mas criar um conjunto de experiências ao longo do tempo. Um dia de tela o dia inteiro não anula os momentos de presença, leitura, pausa e conexão que você criou antes — e que ainda vai criar.

Lembre-se: o vínculo vem da constância afetuosa, e não do controle rígido.

Quanto tempo de tela é o ideal?

A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças de até 5 anos tenham no máximo 1 hora por dia de tela recreativa. Para crianças maiores, o ideal é que esse tempo seja limitado e intercalado com atividades físicas e interações reais.

Mas, mais do que a contagem exata, o mais importante é observar o comportamento da criança. Ela dorme bem? Brinca fora da tela? Interage com os outros? Está interessada em outras coisas? Esses são os sinais mais confiáveis.

O que fazer quando a criança se irrita ao sair da tela?

É comum. A tela ativa áreas do cérebro que trabalham com recompensa rápida, e sair dela causa uma espécie de “ressaca” no corpo. O ideal é avisar com antecedência (por exemplo: “falta 10 minutos”) e propor uma transição suave (como um jogo de tabuleiro ou uma comida favorita). Evite brigar ou tirar de repente, o que pode aumentar a resistência.

E se os avós, babás ou outros cuidadores tiverem outra postura?

Aqui entra o diálogo e os combinados familiares. Converse com essas pessoas, compartilhe o motivo do equilíbrio, proponha outras atividades. E, se não for possível, tente concentrar os momentos offline quando você estiver presente. A ideia é somar, e não brigar por controle. O importante é que a criança tenha referências diversas e veja que existe vida além da tela.

Ou seja:

O uso da tela não é vilão, mas precisa de equilíbrio. E esse equilíbrio é possível com afeto, criatividade, presença e muita escuta. Durante as férias, o tempo livre pode ser um convite — não só para maratonas de desenho, mas para experiências memoráveis que não custam nada: como uma boa história lida em voz alta, um jogo inventado na sala ou uma conversa demorada no sofá. Se você leu até aqui, já está fazendo um esforço de cuidar. E isso importa. Muito. E se quiser mais ideias de brincadeiras, leituras e experiências pra curtir com as crianças, dá uma espiada nos outros posts do nosso blog — tem coisa linda te esperando por aqui. Boas férias, do jeitinho possível.

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