fbpx
 

Desfralde respeitoso e sem pressa

Descubra como os adultos podem apoiar o processo de desfralde dos pequenos com acolhimento e paciência

O desfralde é um marco importante no desenvolvimento infantil, mas não precisa – e nem deve! – ser uma corrida de 100 metros ou motivo de ansiedade. Cada criança amadurece no seu ritmo e respeitar esse tempo é essencial para que o processo seja tranquilo, saudável e sem traumas. Mais do que apenas tirar a fralda, esse momento se trata de um aprendizado que envolve o corpo, as emoções, a autonomia e até o vínculo com quem cuida.

Quando a família entende que não existe idade exata e que o respeito ao ritmo da criança é o maior aliado, o momento do desfralde deixa de ser um desafio e se torna uma oportunidade de fortalecer a confiança e a independência dos pequenos.

Para falar sobre esse tema tão presente no dia a dia das famílias, convidamos a enfermeira Drielle Fernanda de Arruda, especialista em saúde da criança e pesquisadora da área de continência. Drielle é apaixonada por ajudar famílias nesse processo: traduz a ciência em dicas simples, desmistifica ideias antigas e lembra sempre que cada criança merece viver o desfralde de forma respeitosa e sem pressa. Você pode acompanhar o trabalho dela no Instagram, no perfil @desfraldados, e no site www.desfraldados.com.br.

Com esse olhar acolhedor e cheio de experiência, Drielle nos ajuda a entender o que está por trás do desfralde e como podemos apoiar as crianças nesse caminho. A seguir, você confere a entrevista completa.

Jujuba Editora – Vamos começar com a pergunta de milhões: afinal, o que é um desfralde respeitoso?

Drielle Arruda – Para mim, o desfralde respeitoso é aquele que individualiza e trata a criança como única. O desfralde respeitoso visa trazer um processo bem natural e progressivo de aprendizado. Então, ele vai enxergar a criança e observar as necessidades que ela tem de aprendizado e, assim, vai poder ser conduzido de uma forma que não a treine, assim como também ela não seja desassistida. Então, esse processo deve vir a acontecer de uma forma natural, mas com auxílio. Da mesma forma que é feito quando a criança aprende a andar ou a falar, por exemplo, que se dá por meio de estímulo. Então, com o desfralde respeitoso a lógica é a mesma: promover um ambiente de aprendizado, respeitando as necessidades de cada criança.

Jujuba – Quais princípios diferenciam o desfralde respeitoso do método tradicional?
Drielle – O desfralde respeitoso que a gente vê por aí, na internet, é o desfralde com uma abordagem voltada para a criança, descrita por Brazelton, em 1952, que visa identificar os sinais de prontidão e desenvolvimento da criança, que demonstram que ela está pronta para passar por esse processo de forma a respeitar o momento da criança, sem tirar a fralda, sem forçar a barra. Enquanto o desfralde tradicional, aquele que nossas avós e mães conduziram – e ainda muita gente propaga – é desfralde treinado, em que a família tira a fralda, fica levando a criança ao banheiro e também insistindo para que ela vá até o banheiro. Esse é o tipo de desfralde que, comumente, dá problema porque a criança não aprende a identificar os sinais de eliminação e, consequentemente, ela acaba ficando condicionada. Então, tirar a fralda e ficar levando ao banheiro é o desfralde mais comum e que espera que a criança faça xixi na roupa ou cocô na calça, de forma que acreditam que ela vai aprender com isso. Mas, na verdade, o processo de desfralde se dá em nível cognitivo e neurológico e que não depende da retirada da fralda.

Jujuba – Quais são os mitos mais comuns sobre desfralde que você identifica?

Drielle – Eu acredito que o mito mais comum e o mais perigoso também é que o desfralde não consegue acontecer se não tirar a fralda. Isso não é verdade. O desfralde ele tem pilares. Então, o primeiro pilar é o desenvolvimento neurológico. Segurar xixi, segurar cocô e ter continência é um processo neurológico de desenvolvimento, então, se a criança não está desenvolvida neurologicamente, ela não vai conseguir segurar o xixi, o cocô e ir ao banheiro, num momento oportuno para isso. E outro mito muito comum é que a criança precisa sentir o xixi escorrendo na perna, o cocô escorrendo na perna para entender que aquela é a vontade de xixi ou de cocô. Isso não é real. O desfralde não precisa disso, porque ele depende de um outro tipo de aprendizado: a criança vai identificar a vontade de fazer xixi, identificar a vontade de fazer cocô e ela mesma vai fazer essa associação, independente se a fralda está ali ou não. Ela vai ter outro mecanismo de aprendizagem.

Jujuba – Quais são os sinais de prontidão que realmente importam?

Drielle – Os sinais de prontidão descritos nas sociedades científicas, na verdade, são marcos do desenvolvimento da criança. Então, esses sinais ajudam a identificar que a criança está tendo um desenvolvimento neurológico adequado e saudável, e que ela está se aproximando do processo de controle, identificação e aprendizagem do desfralde. Por isso, eu acredito, fielmente, que o principal é a criança ficar mais de duas horas seca, às vezes, até acordada ou nas sonecas diurnas se manter com a fralda seca, além de ter interesse no aprendizado. Então, é importantíssimo a criança se descobrir e querer fazer uso do banheiro. Essas são condições bem importantes para que as crianças desenvolvam o desfralde. Outra coisa que eu acredito, fielmente, que é extremamente importante é que a criança saiba abaixar e levantar a calça, porque o desfralde em si ele não é só um marco da retirada da fralda, ele também é um marco social na vida da criança. Então, ela precisa ter autonomia e independência, porque de nada adianta você ter uma criança desfraldada, mas que depende de um adulto para ir ao banheiro, até para abaixar a calça. Então, esses são os sinais que eu acredito que são os mais importantes.

Jujuba – A idade realmente importa no desfralde?

Drielle – Bom, a idade é uma questão muito delicada, porque a gente tem um marco nos dois anos. Por quê? Porque é a partir desta idade que a gente já sabe que a criança já tem um processo de desenvolvimento neurológico e de mielinização do sistema nervoso, que indica que a criança já está começando a conseguir controlar os esfíncteres. É a partir dessa idade que a gente já meio que imagina que as coisas vão acontecer. Então, seria mais ou menos a partir dos dois anos, mas não necessariamente é um momento em que é para tirar a fralda. Essa é uma margem de idade de segurança, mas não precisamos ter essa idade como um marcador negativo. Por exemplo, comprando com outros marcos do desenvolvimento, a gente sabe que a criança deve vir a andar entre 12 e 18 meses, essa é uma margem importante. No desfralde, a gente tem uma margem entre dois anos e três anos e meio para o desfralde diurno e entre dois anos a quatro anos para o desfralde noturno, podendo ter escapes até os cinco anos. É importante a gente não comparar as crianças realmente, porque cada criança tem seu tempo. É muito comum a gente ver também pessoas comparando as crianças e cada criança é única. A gente tem que ver que a criança que nasceu em janeiro é diferente da criança que nasceu em novembro e dezembro. A cada mês, precisamos atentar para aquilo que a criança desenvolveu e não apenas ficar focando deliberadamente no desfralde.

Jujuba – E quando a escola pede desfralde “para já”?
Drielle – Com relação às escolas, eu tenho feito um trabalho bem importante de conscientização e tenho dado palestras para as escolas entenderem que o desfralde não pode ser um impedimento para aquela criança entrar naquela escola. A escola não pode negar vaga para criança porque ela está de fralda ou alguma coisa nesse sentido. Isso, inclusive, fere um direito da criança. Então, a família deve lutar pelo desfralde respeitoso dessa criança, até porque um desfralde mal feito pode trazer consequências físicas para essa criança e se agarrar na legislação, que é o que nos ajuda a reagir e a garantir esse direito da criança.

Jujuba – Na prática, como conduzir um desfralde respeitoso? Mais que isso: existe condução de desfralde pelo adulto?

Drielle – Conduzir um desfralde na abordagem voltada para a criança envolve uma interação significativa entre o adulto e a criança. Eu costumo dizer que a criança que está preparada para o desfralde, ela precisa de um adulto atento, um adulto preparado para esse momento. Então, o adulto que está atento e preparado para esse momento é aquele que vai proporcionar um ambiente de aprendizado para essa criança. Ele vai trazer essa criança para dentro do banheiro, de uma forma lúdica, vai promover um aprendizado por meio de livros, brincadeiras e atividades, vai adaptar esse banheiro de uma forma que essa criança se sinta confortável, seja ele com adaptação do vaso com escadinha ou com apoio para os pés, que são extremamente importantes, ou então a criança que não tem interesse pelo vaso, mas tem interesse pelo peniquinho. Então, a interação entre o adulto e a criança é nesse sentido de promover um ambiente de aprendizado, como se ele fosse um professor ensinando a criança a ler e escrever. E isso acontece sempre mantendo a fralda. Eu sempre comparo essa questão da fralda com o lápis e a caneta: quando a criança está aprendendo a escrever ela faz uso do lápis, porque se ela errar pode apagar. Então, no caso, o lápis seria fralda. Quando a criança já está mais habilidosa, ela usa a caneta. No desfralde, quando a criança está mais habilidosa a cueca ou a calcinha entram em cena – que, na metáfora, seria a caneta – para ajudar a criança a progredir nesse processo.

Jujuba – Quando considerar pausar o processo de desfralde (o famoso um passinho para trás) e retomar mais tarde?

Drielle – As pausas acontecem na medida em que a criança começa a se desinteressar pelo processo. Normalmente, isso acontece em condições em que a família fica muito em cima da criança e ela acaba perdendo interesse nesse processo. Também temos situações em que as crianças, às vezes, acabam começando a ter muitas perdas urinárias, principalmente quando elas estão distraídas. Isso pode ter a ver também com questões emocionais. Então, eventos emocionalmente difíceis para as crianças podem também se projetar no desfralde, porque quando a gente está falando de continência urinária e continência fecal, a gente está falando de sistemas neurológicos, que é o simpático, o parassimpático e autonômico, que estão ligados às nossas emoções. Então, é bem importante a gente colocar isso na conta, porque eventos emocionalmente difíceis – e é muito comum as famílias terem o segundo filho bem na época em que a criança está desfraldando – impacta significativamente. Então, um passinho para trás se dá quando a criança passa a ter muitos escapes e tudo mais. É importante as famílias entenderem que isso pode ser transitório também e que, se persistir, procurar ajuda para descartar outras condições e retomar o processo de desfralde o mais rápido possível.

Jujuba – Como preparar a casa para promover autonomia sem criar estresse?

Drielle – A casa ela deve ser preparada desde sempre. O banheiro tem que se tornar um ambiente comum para a criança, não aquele ambiente onde a criança só escova o dente e toma banho. Ela precisa estar acostumada com esse ambiente e se ele for o mais lúdico possível, melhor. O desfralde deve seguir a mesma lógica do banho lúdico, com brinquedos. Mas não é só a questão de preparo lúdico, também existe a adaptação funcional. Por exemplo, o penico é anatomicamente bem favorável, mas tem crianças que preferem o vaso e isso vai demandar alguma adaptação. Nesse caso, o redutor de assento é bem importante para que a criança não caia dentro do vaso ou não façam uma prega no abdômen (ao tentarem se equilibrar), que pode dificultar o esvaziamento da criança. O apoio para os pés também é muito importante, principalmente para evacuação. Essas adaptações também são importantes para que os pequenos se sintam seguros, porque a insegurança contrai o assoalho pélvico, ou seja, a criança que não se sente segura não consegue relaxar para fazer xixi e cocô. Então, ela precisa estar confortável e relaxada para fazer isso. Essas são as adaptações mais importantes: apoio para o pé, redutor de assento ou então o pinico ou troninho. Lembrar também que, para a evacuação, é importantíssimo ter o apoio para os pés, e esse apoio tem que promover uma angulação em que o joelho da criança fique logo acima da linha do quadril dela. Então, os joelhinhos têm que estar um pouquinho mais elevados.

Jujuba – Como lidar com o “não quero!” ou o medo do vaso?

Drielle – Quando a criança fala que não quer ou que ela tem medo, a gente primeiro precisa tratar isso. Então, se a criança não quer sentar de jeito nenhum no vaso, podemos promover o uso do penico. Agora, se ela não quer nenhum nem outro, a gente precisa entender que também pode ser que ela não esteja no momento adequado para receber esse estímulo. E aí a gente precisa também olhar para outras coisas. A gente tem uma imensidão de habilidades novas a ser construída nesse período do desfralde. Além da parte de aprender a usar o banheiro, a criança está aumentando o seu vocabulário, está aprendendo a construir frases mais complexas com muito mais do que duas palavras. Ela está também criando a habilidade de coordenação motora fina e coordenação motora grossa. Se a criança está negando, será realmente mesmo que é o momento de a gente estimular isso aqui? Ou será que eu preciso olhar para ela com mais atenção e olhar aquilo que ela está desenvolvendo, que ela tem interesse? Então, às vezes, é importante saber e aceitar que ela não está focada naquele aprendizado. Mas isso também não impede de adaptar banheiro e trazer algumas coisas. Então, se a criança não está interessada em usar o banheiro ou tem medo, a gente precisa trabalhar isso, promovendo um ambiente lúdico e não ficar forçando a criança a sentar ou ficar oferecendo demasiadamente o banheiro. Podemos trazer essa criança para o banheiro de uma forma mais interessante, como deixar ela sentar no vaso com ele tampado, por exemplo, oferecendo essa aproximação sem interesse de desfralde. Normalmente, a criança nega o banheiro não por medo, mas porque está interessada em outra coisa. O medo, normalmente, a gente vê em casos muito específicos. Às vezes, pode ser medo da descarga ou de cair no vaso. É importante mapear o que seria esse medo para poder ajudar a superá-lo.

Jujuba – Por que o cocô costuma ser mais desafiador?

Drielle – Na verdade, a questão do cocô ela é mais desafiadora porque, normalmente, as crianças passam por experiências evacuatórias ruins. Então, a gente vem aí num progresso, entendendo que a maior parte das crianças que tem rejeição do desfralde do cocô, que chamamos de recusa de vaso, são crianças que tiveram alguns quadros de constipação ou uso de supositório, em situações bem complexas, que acabam por deixar esse processo bem mais desafiador. A gente tem que entender que a sensação da evacuação e a necessidade de ficar mais tempo sentado no vaso também é algo importante. Então, a criança precisa estar bem adaptada e relaxada, além de ser estimulada, desde muito, cedo a usar o banheiro. É bem curioso que a continência evacuatória acontece bem antes do xixi, então, do ponto de vista de desenvolvimento neurofisiológico, o controle de xixi vem depois do cocô. Então, o que aconteceu antes disso? É preciso pensar nisso, porque a grande maioria dos casos estão associados à constipação, a evacuações desconfortáveis e dolorosas. No entanto, há casos que não estão relacionados a isso, mas que se associam a uma questão comportamental, que pode ser o desinteresse da própria criança. Nesses casos, é importante trabalhar com fases e etapas, para que essa criança se aproxime do vaso e, aí, de forma bem gradativa, ajudar a fazer o cocô no vaso, tirando a fralda aos poucos.

Jujuba – E o desfralde noturno, como acontece? E quando se preocupar por ele não estar acontecendo?
Drielle – É importante entender que o processo de desfralde noturno é algo que a criança não controla. A continência noturna depende de maturidade neurofisiológica, capacidade da bexiga se manter estável durante o sono. Por isso esperamos que a criança acorde com a fralda seca por 15 dias, pelo menos, antes de decidir tirar a fralda da noite. Vale dizer que, até os cinco anos, é esperado acontecer um escape ou outro. Mas, se essa criança tem escapes muito frequentes, toda semana, a cada 15 dias, a gente precisa dar uma olhada. Passados os cinco anos, os protocolos já nos conduzem a fazer uma avaliação para verificar se está tudo bem com a criança. E gente quer que esteja tudo bem, então, faz exames e eles, normalmente, vem com resultados bons, mas sempre tem uma coisa para melhorar, por exemplo, a criança que posterga muito a micção ou não toma água direito durante o dia. Constipação também prejudica bastante a parte do desfralde noturno. Nesses casos, fazemos os ajustes necessários e observações se haverá algo a ser tratado ou não. Entre cinco e sete anos é possível que ocorra uma resolução espontânea, nesses quadros, mas isso não exclui a necessidade de investigação. Após os sete anos, as questões persistindo, aos oito anos é mandatório tratar, porque isso também vai afetar muito a vida social da criança. E já existem estudos mostrando que esse quadro de xixi noturno, que a gente chama de enurese, afeta inclusive o rendimento escolar da criança.

Jujuba – Escapes acontecem: como responder de modo respeitoso?
Drielle – Quando ocorrem escapes, a gente tem que trabalhar de uma forma bem natural, entendendo que a criança está num processo de aprendizagem. A criança não pode se sentir mal porque teve um escape. É importante conduzir isso de forma lúdica. Inclusive, eu tenho um livro que se chama O menino que não deixava o xixi sair, que trata sobre escapes, a situação mais comum da criança, que é ela segurar o xixi porque está querendo brincar, porque está focada em alguma coisa e aí acaba que acontece um escape. Então, o acolhimento no momento do escape é fundamental.

Jujuba – Como saber que o processo está indo bem mesmo com altos e baixos?

Drielle – O processo deve ir bem e a gente percebe isso quando a criança, progressivamente, está entendendo o que está acontecendo. E que, quando acontecem as regressões, algumas falhas, alguns escapes, tudo isso faz parte do processo, porque a criança está aprendendo. Eu volto na comparação com aprender a ler e escrever. No processo, a criança vai escrever errado, assim como vai ter escapes no desfralde, mas isso não significa regressão, apenas indica que a criança está precisando de ajuda para se organizar e gerenciar algumas coisas. Esses altos e baixos fazem parte do processo, é natural. O que a gente precisa atentar é quando essa regressão é mediada por algum fator emocional, por exemplo. Ainda assim, são situações que tendem a ser transitórias, mas que também precisam de auxílio para se organizarem. Nesses casos, a ajuda de um psicólogo é sempre importante. Sempre comparo essa fase com outras do desenvolvimento porque ajuda as famílias a entenderem o processo. Quando a criança começa a andar, ela se agarra nos móveis, depois dá alguns passinhos sem apoio e, ao longo desse processo, conforme ela vai crescendo, vai ficando mais habilidosa no andar. Isso não quer dizer que ela não vai cair. Ela vai cair, vai tropeçar muitas vezes, vai ralar o joelho. O desfralde não é diferente. Existem algumas falhas que vão acontecer. Então, é isso que a gente precisa considerar.

Jujuba – Se você pudesse deixar uma única mensagem para as famílias, qual seria?

Drielle – A mensagem que eu deixaria pras familiar refletirem é que as crianças sempre foram feitas para dar certo, mas os processos de desenvolvimento não são lineares. Nenhum processo de desenvolvimento é linear. Então, é importante estar atento aos marcos de desenvolvimento e se a criança está se desenvolvendo adequadamente, mas nunca problematizar aquilo que é um processo natural de aprendizagem. Às vezes, as famílias deixam a ansiedade tomar conta do processo e é aí que os maiores problemas surgem. Na minha experiência, em mais de cinco anos trabalhando com famílias nesse processo, eu posso dizer que o que mais atrapalha é a ansiedade da família, e a ansiedade cega a família, que só passa a enxergar que a criança não está indo bem no desfralde, mas ela não vê que a criança está desenhando melhor, que agora ela está pintando dentro das margens, que ela falou frases mais complexas. Inclusive, um sinal de que vale a pena pausar o processo de desfralde é quando a criança está com uma recusa muito intensa, com choro e muito estresse. Não tenha medo de pausar e voltar lá na frente, com mais calma. Então, meu maior desejo é que as famílias comecem a olhar para a criança sem focar em situações que podem vir a acontecer de forma natural, claro que com estímulo, mas entendendo que a criança é única e que tem outras coisas também importantes acontecendo na vidinha delas.

Share Post
Written by
No comments

LEAVE A COMMENT