Saiba como o tédio pode ser uma ferramenta importante para estimular a criatividade e a autonomia dos pequenos
As férias escolares chegam e, com elas, a pergunta que tira o sono de muitos pais e mães: como entreter as crianças durante tanto tempo livre? É natural querer proporcionar momentos inesquecíveis e cheios de atividades, mas a verdade é que as férias também podem — e devem! — incluir momentos de tédio. Sim, você leu certo. O tédio, tão temido por muitos, é um importante aliado no desenvolvimento infantil.
O que é o tédio e por que ele é importante?
O tédio é aquele estado em que a criança não tem nada planejado para fazer e, inicialmente, se sente desconfortável com isso. No entanto, longe de ser um vilão, ele é essencial para o desenvolvimento de habilidades importantes, como criatividade, autonomia e resolução de problemas.
Quando as crianças têm suas agendas lotadas de compromissos ou passam muito tempo com distrações prontas, como TV, videogames ou celulares, elas perdem a oportunidade de criar, imaginar e explorar o mundo ao seu redor. O tédio, por outro lado, é como uma tela em branco, onde elas podem desenhar, construir e descobrir o que realmente interessa.
Além de estimular a criatividade, os momentos de tédio permitem que as crianças aprendam a lidar com o tempo livre. Isso ajuda a desenvolver a paciência, a autorregulação e até mesmo o autoconhecimento.
Pesquisas mostram que crianças que têm espaço para ficarem entediadas são mais capazes de encontrar soluções criativas para problemas e de criar brincadeiras que fortalecem habilidades motoras, cognitivas e sociais. É nesses momentos de “nada para fazer” que muitas crianças começam a explorar ideias, inventar histórias, desenhar mundos imaginários ou até se interessar por hobbies que antes não conheciam.
Como transformar o tédio em aprendizagem
Embora o tédio seja importante, ele não precisa ser um estado constante. O segredo está em equilibrar momentos de tempo livre com algumas sugestões que incentivam a autonomia e a imaginação. Para ajudar nessa empreitada, aqui vão algumas ideias:
Materiais acessíveis: deixe papéis, lápis, tintas, caixas de papelão, tecidos, sucatas e outros itens que possam ser usados para criar, ao alcance dos pequenos. Quando as crianças têm acesso a esses materiais, elas tendem a inventar brincadeiras por conta própria.
Estimule o contato com a natureza: nada como um passeio ao ar livre para inspirar a criatividade. Mesmo que seja no quintal ou na praça do bairro, deixe as crianças explorarem, observarem insetos, coletarem folhas ou simplesmente correrem.
Crie um “pote do tédio”: escreva várias ideias de atividades simples em papéis e coloque-as dentro de um pote. Quando uma criança disser que está entediada, peça para ela sortear uma ideia. Pode ser algo como “construir uma cidade de brinquedos” ou “inventar uma história com personagens da sua escolha”.
Limite o uso das telas: embora possam ser úteis em alguns momentos, é importante limitar o tempo que as crianças passam conectadas. A falta de distrações digitais é essencial para que elas aprendam a preencher seu tempo de maneira mais criativa.
Valorize o ócio: permita que a criança tenha momentos realmente livres, sem pressão para produzir ou se ocupar. Isso também é importante para o descanso e o equilíbrio emocional.
Esteja preparada
É natural que, no início, as crianças resistam ao tédio e digam repetidamente que não têm nada para fazer. Cabe aos pais e cuidadores darem suporte, sem necessariamente resolver o problema por eles. Oferecer um incentivo leve, como as sugestões acima, são uma boa ideia, desde que não caiam na tentação de planejar tudo por eles.
Se o tédio vier acompanhado de sinais de angústia, como choro constante ou extremo, pode ser o momento de intervir com mais atenção, tentando entender o que está incomodando.