Saiba selecionar livros que valorizem a diversidade e ajudem as crianças a crescerem com empatia, respeito e pertencimento
Quando falamos em livros inclusivos, estamos dizendo de obras que representam diferentes realidades, raças, corpos, famílias, gêneros, culturas, deficiências, crenças e vivências.
Uma criança que vê sua realidade representada com carinho e respeito aprende que ela importa. E uma criança que cresce cercada por histórias diversas aprende a valorizar o outro como parte do seu mundo. Por isso, ao escolher livros inclusivos, você está ajudando a construir uma infância mais rica, com um olhar mais humano e cria a possibilidade de um futuro mais justo.
Ler com diversidade é um ato de afeto e cidadania.
Mas como escolher livros inclusivos de verdade? Como garantir que os títulos oferecidos às crianças realmente valorizem a diversidade e não reforcem estereótipos?
Abaixo, reunimos algumas dicas para te ajudar nessa seleção tão importante.
Busque personagens diversos em papéis de protagonismo
É essencial que crianças de todas as origens se vejam como protagonistas das histórias. Procure livros que apresentem personagens negros, indígenas, asiáticos, com deficiência e com diferentes estruturas familiares.
Além da presença desses personagens, observe se eles ocupam papéis ativos na história, com voz, desejo e ação – não apenas como coadjuvantes ou figuras secundárias.
Fuja dos estereótipos
Livros que trazem personagens diversos, mas os colocam em situações estereotipadas ou com traços caricatos acabam prejudicando mais do que ajudando. Cuidado com obras que reforçam preconceitos, como retratar pessoas com deficiência sempre como frágeis ou dependentes, ou mulheres negras apenas como empregadas domésticas. Leia com atenção antes de levar o título para casa ou apresentar para sua criança.
Valorize autores e autoras que fazem parte dos grupos representados
A chamada representatividade autêntica é muito importante. Dar espaço a autores e autoras que falam a partir de suas próprias vivências contribui para histórias mais sensíveis, reais e potentes. Por isso, ao montar a estante, procure editoras que valorizem essas vozes e esteja atenta ao protagonismo também por trás das páginas.
Observe as ilustrações
As imagens são tão importantes quanto o texto nos livros infantis. Analise se os traços, as cores e os detalhes valorizam a diversidade e não reforçam padrões únicos de beleza, como a predominância de personagens brancos, magros, de olhos claros e cabelos lisos.
Corpos gordos, cadeiras de rodas, aparelhos auditivos, diferentes tons de pele, roupas culturais, cabelos crespos e cacheados. Tudo isso deve aparecer de forma natural e respeitosa nas ilustrações.
A diversidade também tem que estar na vida cotidiana das histórias
Livros que tratam diretamente de temas como racismo, capacitismo ou respeito às diferenças são importantes e devem fazer parte da estante dos pequenos. Mas é igualmente necessário que as crianças vejam personagens diversos vivendo aventuras, indo à escola, fazendo amigos, brincando ou enfrentando dilemas comuns à infância, sem que a diversidade seja o grande tema da história, mas parte natural dela.
Isso ajuda a quebrar a ideia de que a inclusão é algo à parte ou sempre problematizado e reforça que todas as crianças têm direito ao imaginário, à fantasia e à alegria.
Esteja aberta a escutar e aprender
A curadoria de livros inclusivos é um processo contínuo. À medida que lemos mais, conhecemos novos autores e ouvimos vozes diversas, nossa percepção também se amplia. É normal errar na escolha de algum título, perceber algo depois da leitura ou mudar de opinião com o tempo. O importante é estar sempre disposta a rever as escolhas, incluir novos livros, conversar com as crianças sobre os temas e ampliar o olhar.
Livros podem ser pontes para boas conversas
Não basta oferecer os livros. É preciso acompanhar a leitura. Pergunte o que a criança entendeu, o que sentiu com aquela história, se já viveu algo parecido, se conheceu alguém como o personagem. Essas trocas são preciosas para construir valores e formar leitores mais críticos, empáticos e respeitosos.
Mas não faça desse momento uma chamada oral. A conversa não precisa acontecer imediatamente após a leitura. De repente, em alguma cena cotidiana, essa história pode se tornar ponte para uma boa conversa.