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Democracia para crianças

Como ensinar cidadania desde cedo, mostrando que o voto nas brincadeiras, os direitos e os deveres em casa e na escola ajudam a construir uma vida em comunidade mais justa e feliz

Quando pensamos em democracia, geralmente lembramos de eleições, presidentes, deputados e campanhas políticas. Mas a democracia não é apenas isso: ela começa muito antes e deve ser vivida desde a infância, em pequenos gestos do dia a dia. Inclusive, é possível falar de democracia com os pequenos mostrando que ela está presente em casa, na escola, nas brincadeiras com amigos e em qualquer espaço de convivência, afinal, democracia é viver em grupo com respeito às diversas opiniões.

Você sabia que a palavra “democracia” vem do grego e significa “poder do povo”? Na prática, quer dizer que as pessoas têm o direito de participar das decisões que afetam a vida delas. Para as crianças, podemos traduzir assim: democracia é quando todos têm voz, são respeitados e também aprendem a respeitar os outros.

Na escola, por exemplo, isso aparece quando os alunos podem sugerir ideias para projetos ou participar de combinados coletivos. Em casa, pode ser quando a família discute juntos o cardápio do fim de semana ou decide para onde vão passear. Nas brincadeiras, surge quando o grupo escolhe por votação qual jogo vão jogar. Em todos esses momentos, a democracia acontece.

O voto nas brincadeiras é a primeira experiência de cidadania. Quando um grupo de crianças precisa decidir se vai jogar futebol, pega-pega ou esconde-esconde, muitas vezes surge a ideia de votação. Esse gesto simples já é uma forma de experimentar a democracia. Cada criança dá sua opinião, o grupo ouve todas as propostas e a decisão final reflete a vontade da maioria. É claro que nem sempre ganhamos a votação, e esse também é um aprendizado importante: em uma democracia, precisamos respeitar as escolhas coletivas, mesmo que não sejam as nossas preferidas. Assim, as crianças aprendem que a convivência depende de ouvir, respeitar e também ceder.

Outro ponto essencial para falar de democracia com crianças é a ideia de direitos e deveres. O direito é tudo aquilo que todas as pessoas devem ter garantido, como o direito de brincar, de estudar, de ser respeitado, de receber cuidado e proteção. Já os deveres são as responsabilidades que cada um tem para que a vida em grupo funcione, como guardar os brinquedos, respeitar os colegas, ajudar em pequenas tarefas da casa, ouvir quando alguém fala.

A democracia só se sustenta quando equilibramos direitos e deveres. Não adianta querer brincar, se ninguém se dispõe a ajudar a guardar os brinquedos depois, assim como não adianta querer ser ouvido, se não aprendemos a escutar os outros.

Democracia em casa: espaço de escuta e diálogo

A família é um dos primeiros lugares onde a criança aprende a viver democraticamente. Quando os pais ou responsáveis dão espaço para que os filhos opinem, expressem sentimentos e participem das decisões familiares, estão ensinando que a opinião de cada um importa. Isso não significa que as crianças vão decidir tudo, mas que elas são levadas a sério e podem contribuir.

Quer um exemplo? Imagine que a família vai escolher o filme do sábado à noite e cada membro, independentemente de sua idade, pode dar sua sugestão. Depois, pode-se votar ou combinar um revezamento, garantindo que todos tenham vez ao longo das semanas. Pequenos gestos assim ensinam mais sobre democracia do que longas explicações.

Na escola, a democracia aparece nas assembleias de classe, nas rodas de conversa, nos combinados de convivência e até nas eleições de representantes de turma. Essas práticas mostram às crianças que a escola não é apenas um lugar de regras impostas, mas um espaço em que elas também têm voz. Por isso, participar das decisões escolares ajuda a desenvolver senso crítico, responsabilidade coletiva e empatia, habilidades fundamentais para a vida adulta.

Mais do que discursos, o que realmente ensina democracia às crianças é o exemplo. Quando os adultos ouvem com atenção, respeitam opiniões diferentes, pedem desculpas quando erram e mostram abertura ao diálogo, transmitem valores democráticos de forma viva. As crianças percebem se o ambiente ao redor delas é justo, se as regras são claras e se todos têm as mesmas oportunidades de falar. É na prática, no cotidiano, que elas aprendem que democracia não é apenas uma palavra complicada, mas um jeito de viver juntos de forma mais justa e respeitosa.

Dicas de livros que ajudam a falar de democracia com os pequenos

“A eleição dos bichos”, de André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun (Companhia das Letras)

Cansados dos abusos do Leão, os bichos farão uma eleição para decidir quem será o novo soberano da floresta. Mas, para que tudo aconteça da forma mais democrática possível, terão que aprender tudo sobre esse processo tão importante.A bicharada já estava mais do que cansada dos mandos e desmandos do Leão. Ainda mais quando descobrem que ele desviou água do rio para construir uma piscina na própria toca ― onde já se viu? É aí que surge a ideia de fazer uma eleição para escolher um novo governante para a floresta.No páreo estão a Macaca, a Preguiça, a Cobra e o próprio Leão. Mas o que exatamente acontece em uma eleição? Quais são as regras? Como o vencedor é eleito? Este livro explica o funcionamento das eleições de forma divertida e dinâmica para crianças. Prepare-se para descobrir tudo isso junto com os bichos e escolher o seu candidato preferido. Só não conte a ninguém: o voto deve ser secreto!

“Meu reino por um chocolate”, de Bruno Nunes (Trioleca Casa Editorial)
No Reino imaginado por Bruno Nunes, um rei mimado, viciado em chocolate, importuna todos a sua volta para conseguir sua guloseima preferida. Ocorre que, em tempos difíceis como os atuais, a falta de água e o solo cada vez mais aquecido fazem com que nasçam cada vez menos cacaus e que cada vez menos as vacas tenham bom pasto para darem o seu bom leite. Nem sempre é possível ter tudo o que se deseja… mesmo sendo um rei mandão, e mesmo que o desejo seja por uma pequena barra de chocolate!

“A democracia pode ser assim”, de Equipo Plantel (Boitatá)

A democracia pode ser assim é o primeiro volume da Coleção Livros para o Amanhã, pensada para crianças entre 8 e 10 anos de idade e que discute a maneira como as pessoas se relacionam em sociedade. Este livro apresenta o conceito de democracia a partir de imagens próximas do cotidiano das crianças, tomando como exemplos a hora do recreio e o jogo: atividades em que todos que participam têm de tomar decisões e assimilar suas regras. O texto se propõe a ser uma primeira abordagem à cidadania e a questões sociais, elucidando o que são as eleições, o papel dos partidos políticos e a importância do voto, dos direitos humanos e da informação para a manutenção das liberdades, tornando mais convidativos temas que de início podem intimidar crianças e adultos.

“O reizinho mandão”, de Ruth Rocha (Salamandra)
Um reizinho mandão (que no fundo era um menino mal-educado e mimado) mandava todo mundo calar a boca. De medo, as pessoas calavam. E calaram tanto que esqueceram como falar. Sério, ninguém mais no reino sabia dizer nada.O reizinho ficou culpado e triste (porque imaginem que chato um lugar onde é impossível conversar…) e foi atrás de um sábio que vivia no reino vizinho para ver se ele tinha algum conselho, alguma ideia sobre o que fazer para que as coisas voltassem ao normal. O sábio disse que ele teria que bater de porta em porta até encontrar uma criança que ainda lembrasse como se fala. E lá foi o reizinho mandão, de casa em casa, sem saber se aquilo ia dar certo.

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