Entenda por que os jogos simbólicos são tão importantes para o desenvolvimento das crianças e como podemos apoiá-las nesse processo
Brincar de casinha, de escola, de super-herói, de médico, de monstros e dragões… Se tem algo que faz parte da infância de forma espontânea e mágica é o faz de conta. Mais do que uma simples diversão, essas brincadeiras são verdadeiros superpoderes que ajudam os pequenos a desenvolverem habilidades fundamentais para a vida.
Eu acredito que você já saiba, mas não custa nada relembrar: o faz de conta é muito mais do que uma imaginação fértil, ele é uma ferramenta poderosa de desenvolvimento cognitivo e emocional.
Quando a criança cria histórias, personagens e situações imaginárias, ela estimula a mente a pensar de forma flexível e criativa. Por meio do faz de conta, a criança pode dar vazão a sentimentos, elaborar medos e lidar com situações difíceis de forma segura e simbólica. Ser o herói, a professora ou o médico no jogo simbólico também permite que a criança se veja como capaz, o que fortalece sua confiança. Além disso, contar histórias, interpretar personagens e criar diálogos ampliam o vocabulário e desenvolvem a capacidade dos pequenos de se comunicarem.
Como incentivar o faz de conta no dia a dia?
Nem sempre os adultos sabem como apoiar o faz de conta sem tomar o controle da brincadeira. Então, aqui vão algumas dicas para estimular esse superpoder infantil:
Ofereça brinquedos não estruturados: fantasia, panos, caixas de papelão, utensílios antigos, bonecos, fantoches e até objetos do dia a dia podem se transformar em mil coisas nas mãos de uma criança. Quanto mais versátil for o material, mais a imaginação pode fluir.
Tempo livre para o brincar: as crianças precisam de tempo para mergulhar em suas histórias. Uma rotina muito apertada pode limitar a espontaneidade do faz de conta. Deixe momentos livres, sem atividades dirigidas ou tecnologia, para que a criatividade ganhe espaço.
Deixe a criança guiar: participar do faz de conta é uma ótima forma de fortalecer vínculos, mas é importante lembrar que o protagonismo é da criança. Siga as instruções dela, aceite seus convites e deixe-se levar pela história que ela quiser contar.
Valorize a imaginação: evite corrigir a criança dizendo “isso não existe” ou “não é assim”. O mundo do faz de conta é um espaço de possibilidades, onde o importante não é a realidade, e sim a liberdade de criar.
Leia para os pequenos: a literatura infantil alimenta o repertório simbólico e a criatividade. Ler juntos é uma maneira maravilhosa de abrir portas para novos mundos e inspirar novas brincadeiras.
Tenha espaços que convidem ao imaginário: um cantinho da fantasia – que pode ser só uma caixa com balangandãs –, um espaço livre no quintal ou na sala pode se tornar palco de aventuras incríveis.
Respeite o brincar solitário: às vezes, a criança prefere brincar sozinha em seu mundo imaginário. Isso é natural e saudável, portanto, não censure.
Num mundo que valoriza tanto a produtividade e a lógica, preservar e nutrir a imaginação infantil é um presente inestimável – para as crianças que eles são e para os adultos que serão.
Meu filho não brinca de faz de conta. E agora?
Por volta dos 18 meses, já se espera que a criança comece a fazer imitações simples como fingir que fala ao telefone, dar comida para uma boneca, imitar adultos. Entre os 3 e 5 anos, o faz de conta costuma ganhar força, com histórias mais elaboradas, personagens imaginários e muita criatividade. A partir dos 6 anos, o jogo simbólico ainda existe, mas já começa a se misturar com brincadeiras de regras e outros interesses.
Se depois dos 3 anos a criança não demonstra interesse nenhum em brincadeiras de faz de conta, é recomendado buscar orientação de um pediatra ou um psicólogo infantil.